A pior marca que um candidato pode ter é ser associado à corrupção. Esta é a opinião do sociólogo Mauro Paulino, diretor do DataFolha, instituto que realiza pesquisas quantitativas e qualitativas de opinião e de mercado. “O não estar envolvido com corrupção é o fator mais levado em conta por 90% dos brasileiros na definição de um candidato”, afirmou em entrevista exibida ontem no programa É Notícia, da Rede TV, apresentado pelo jornalista Kennedy Alencar.
Segundo Paulino, o mensalão ainda respinga no governo. Isso porque o principal motivo de rejeição entre os eleitores que acham o governo ruim ou péssimo ainda é o caso da compra de votos de parlamentares, o mensalão. Contudo, a maioria do eleitorado acredita que o governo superou o problema. “A imagem de corrupção colou mais no PT, em José Dirceu e no Palocci. Como eles saíram do governo, ficou a imagem de que o Lula resolveu a questão”, explicou.
Ao comentar as eleições em 2010, Mauro Paulino foi taxativo: “O tema de corrupção não pode aparecer na campanha. Se tiver alguma menção ou ligação desse tema aos candidatos, a candidatura ficará prejudicada”.
A postura da oposição em 2010, segundo ele, deve ser a de demonstrar para o eleitor que as benfeitorias do atual governo não serão alteradas caso ocorra uma eventual alternância de poder. “Teria que ficar muito claro para o eleitor que as conquistas que ele enxerga como sendo do governo Lula não serão mudadas, e sim melhoradas”, argumentou. “Tem que ficar claro que casos de corrupção devem ser extirpados cada vez mais da política brasileira e, além disso, tem que se comunicar com a população de uma forma similar a do presidente Lula”, completou.
Já a dica para a campanha do governo no ano que vem implica em ampliar as ações sociais. “Tem que deixar claro que vai continuar agindo como age e que vai estender as ações sociais, que são muito bem avaliadas”, alega. Paulino lembra que entre os que têm acesso ao Bolsa Família ou parentes inseridos no programa, a avaliação ao governo Lula fica acima da média.
A base dessa aprovação majoritária ao presidente Lula está, principalmente, relacionada às ações sociais do governo, que atingem a base do eleitorado. A empatia a Lula também está ligada à forma clara como o presidente se comunica, sobretudo, com a população mais pobre. Isso é visto, segundo Mauro Paulino, nos resultados das pesquisas de opinião regionais. “A avaliação do presidente Lula é muito diferente no Nordeste, Sul e Sudeste. A aprovação ao governo é muito maior no Nordeste”, afirma. “O eleitor no Sudeste é mais escolarizado e tem um maior acesso à informação. Então ele é o que acaba avaliando mais os casos de corrupção”, acrescentou.
Entre as melhores marcas que um candidato pode carregar consigo diz respeito à sua vida pregressa e ao seu bom relacionamento com o eleitorado. “Mostrar que é um bom administrador hoje conta muito. Ter um passado político conhecido, mas, principalmente, ter a capacidade de comunicação fácil com a população também é muito importante”, disse.
Segundo o diretor do DataFolha, apenas um em cada cinco brasileiros aprova o Congresso. “Há muito tempo, a maior parte da população considera o trabalho do Congresso Nacional ruim ou péssimo. O Congresso tem, hoje, no máximo, um quinto da população brasileira aprovando. Isso é muito significativo”, concluiu.
Questionado sobre as críticas que recebem os institutos de pesquisa as vésperas das eleições, que segundo os candidatos influenciam bastante a opinião dos eleitores, Mauro afirma: “Acho que a pesquisa influencia mesmo e é bom que influencie. A democracia é uma soma de influências. O eleitor vai se educando a partir do exercício do voto, da avaliação que faz dos governantes, do noticiário político que chega até ele. O eleitor está se acostumando, cada vez mais, a ter um julgamento crítico das pesquisas também. Imagine uma eleição no Brasil sem pesquisa. Seria uma eleição no escuro para o eleitorado”, rebateu.
Da Redação
Do Contas Abertas
Nenhum comentário:
Postar um comentário