O artigo da revista britânica The Economist de sexta-feira analisa a vitória do senador José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado, ocorrida a sema na passada. O texto, chamado de "Onde os dinossauros ainda andam", (em tradução livre) afirma que Sarney, que começou na política há mais de meio século, pode parecer como o "retrocesso para uma era de política semifeudal que ainda prevalece em áreas periféricas do Brasil, e mantém o resto do país em atraso".
Segundo o artigo, a eleição do senador, que contou com o "apoio tácito" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, irá ajudar Sarney a manter seu poder no Maranhão, justamente quando alguns esperavam que seu apoio começasse a diminuir. Em seguida, a revista destaca os sinais de atraso no Estado. A capital, São Luís, está em estado "decrépito"; no interior, muitos vivem em casas de um cômodo, com telhado de palmeira, sem água ou eletricidade.
"O domínio de um homem ou de uma família no Norte e Nordeste do Brasil não é incomum". O texto lembra, entre outros exemplos, que a filha de Sarney, Roseana, é senadora por Maranhão; um de seus seguidores, Edison Lobão, é ministro de Minas e Energia; todos os senadores do Maranhão respondem a Sarney, bem como os representantes do Amapá.
"Este controle é ajudado pelo fato de a família Sarney ser proprietária da maior empresa de mídia do Maranhão", lembra o artigo. A TV do clã, retransmissora da Globo, é particularmente útil no interior do Maranhão, onde a maior parte do eleitorado não é letrada e de onde os Sarneys tiram agora a maior parte do seu apoio.
A The Economist afirma ainda que o poder de Sarney está diminuindo. Em 2006, Roseana Sarney perdeu a eleição do governo do Estado para Jackson Lago. Nas últimas eleições, os candidatos apoiados pela família sofreram algumas derrotas. O artigo finaliza com a situação do Estado. "Por quinze anos eu tenho ouvido que o Sarney irá trazer desenvolvimento e turismo para o Maranhão, mas nós ainda temos uma estrada pra chegar e uma estrada pra sair desta cidade", diz Hélio, um garçom em São Luís. "E elas são ambas péssimas", completa.
(Diário do ABC)
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