O que era pra ser uma situação passível de entendimento tem viradocaso de polícia. A falta de troco tem gerado transtornos entrecobradores de ônibus e passageiros. O problema se agravouprincipalmente depois do reajuste da tarifa para R$1,95.Desde o ano passado, que o Sindicato das Empresas de Transporte dePassageiros (Setap), em parceria com o Procon e Banco do Brasil, temdistribuído uma série de cartazes nos locais de grande fluxo da cidadeorientando a comunidade sobre a importância da circulação de moedas. Afalta de moeda na capital tem sido o principal motivo da confusão.Segundo fontes do Banco do Brasil, pelo menos 70% das moedas saíram decirculação do comércio de Macapá. Segundo estimativas do Banco Central(BC), metade do montante de moedas em circulação no Brasil — cerca de6 bilhões, o equivalente a R$ 1 bilhão — está guardada ou esquecida emcofrinhos, gavetas e cantos das casas, para desespero de quem precisadar troco.
A ausência de moedinhas de R$ 0,05 e R$ 0,10 no caixa é o pesadelo doscomerciantes e dos cobradores de ônibus. No final do ano passado, o Banco Central encaminhou ao Sindicato das Empresas de Transporte dePassageiros (Setap) três toneladas de moedas de R$ 0,05. Todas asmoedas já foram utilizadas, mas a população insiste em não fazercircular o dinheiro.Toda semana, as empresas de transporte têm registro de cobradores quesão agredidos por passageiros que insistem em receber o troco. As agressões nem sempre são verbais e às vezes chegam às vias de fato. “Nós entendemos que a população tem direito ao troco, mas poderia nosauxiliar, fazendo circular as moedas”, explica Jorge Ivan, motoristada empresa União Macapá.Preocupado com isso, o Setap vai lançar em maio a campanha “Meu Troco,Minha Boa Ação”.
A campanha motiva as pessoas a trocar moedas porcédula no prédio do Sindicato, na Rua Leopoldo Machado, no bairro doTrem. Mesmo antes do lançamento da campanha, a adesão já foi grande. Aestudante Aline Nahun procurou a entidade para trocar R$ 700 em moedase um empresário que não quis se identificar levou mais de R$ 4 mil emmoedas para trocar por cédulas. Qualquer pessoa pode fazer o mesmo.Quem tiver moedas em cofres e quiser ajudar na circulação do dinheiropode procurar o Setap.
A falta de troco é muito mais uma questão cultural do que de emissão de dinheiro. Por causa da estabilidade da economia e da resistência dos brasileiros em manipular o metal, as moedas ficam guardadas ou acabam se perdendo, fazendo falta no comércio e no transporte coletivo. Somente 2006, o BC colocou no mercado um suplemento de 1,13 bilhão demoedas de R$ 0,01 a R$ 1. Em 2008, foram mais 60 milhões de unidades. Até o final deste ano, o Banco colocará outro 1,03 bilhão de moedasnas ruas. Mas não adianta colocar tudo isso, se elas não circulam. O custo do BC com a emissão de moedas chega a R$ 180milhões por ano.
Renivaldo Costa
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